segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O som do inferno

Eles chegaram em 4 carros e duas motos. Era gente que não acabava mais. Nem consegui contar. Os meninos com suas "lupas" e bonezinhos. As meninas com seus tops e shortinhos. Desceram dos carros e motos e foram tomando conta do lugar, até então, limpo e de uma paz de encher os ouvidos de silêncio e calma.  

A vizinhança só observava aquele movimento estranho ao local. Um dos rapazes abre então a tampa do porta malas de seu carro, e, eis que surge de lá de dentro um som tão grave, tão grave que meu cérebro saiu correndo pra dentro do mato e demorou alguns minutos pra voltar pro lugar. Frases desafinadas narravam um filme pornô, acompanhadas por umas batidas esquisitas: "Tu tchá tchu cu tu tchá, tu tchá tchu cu tu tchá", e as meninas "descendo até o chão". Um barulho tão insuportável que até os patinhos e as galinhas correram se esconder. Nas árvores ao redor, não ficou um só passarinho se quer. Uma cena insólita que definitivamente não combinava com o lugar de natureza explêndida, e exuberante. E nas faces de toda aquela gente que ouvindo aquele som infernal, dançava a dança do acasalamento, estava estampada a mais perfeita imagem da falta de respeito e de bom senso. 

Minha reação? Após conversar civilizadamente com o rapaz do "carro de som", pedindo para que pelo menos diminuísse o volume daquilo que ele chamava de música (mas que, na minha concepção, não é!) E, após ter sido motivo de piadinhas internas e risos da turma, e, de constatar o meu pedido negado, só vi uma solução: Pedi misericórdia à Deus! Aquilo não era justo, pois, me ausentei da cidade grande para ter paz por pelo menos um final de semana, e fui me esconder no meio do mato, a fim de ouvir somente o som dos bichos e das folhas das árvores balançando ao vento. Não era justo o Demônio mandar aquela turma justamente para onde fui me esconder. Eu já estava perdendo a esperança de ter noites maravilhosas de silêncio para um sono reparador. Deus é tão maravilhoso! Ouviu minhas preces! 

De repente, interromperam o som. O rapaz fechou o porta malas, todos entraram em seus carros, subiram em suas motos e sumiram, deixando o rastro de sua passagem pelo lugar. Daquele som infernal e xulo e das cenas de "quase sexo em público" só restaram alguns maços de cigarros e latinhas de bebidas alcoólicas vazias no chão, que, sinceramente: Dos males foi o menor e de fácil reparação, pois, recolhi tudo e coloquei no seu devido lugar. Mas, ainda fiquei traumatizada por algumas horas, achando que meu feriado iria por água abaixo, quando aquela turma dos infernos voltasse. Felizmente não foi o que aconteceu...Eles sumiram mesmo, como num passe de mágica.

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