O sono, esse folgado e preguiçoso, anda me abandonando durante a noite. Logo quando eu mais preciso dele, para descansar a cabeça, descansar o corpo e renovar as idéias. E ele faz isso comigo...simplesmente me deixa. Fico à mercê da minha cama, tão confortável e ao mesmo tempo tão cruel. Ela fica me acariciando enquanto eu sinto falta do sono.
Durante esta sessão de tortura, ainda tem meu travesseiro, que é o único que realmente me ouve com atenção, mas que, ora me fala coisas que não quero ouvir, ora me lembra coisas do passado que eu tento esquecer e me alerta para os perigos do futuro incerto para o qual estou caminhando. Me diz que estou tentando me inserir num contexto que não me cabe, que não tem espaço para mim, e que as brechas são até grandes, mas que não vou conseguir entrar por ali, a menos que se abra uma porta ou janela para eu entrar. Mas que a abertura não depende mais de mim. A sorte foi lançada!
E meu travesseiro ainda me diz pela manhã: "-Teus sentimentos são nobres, minha pequena! Mas quem vai recebê-los precisa estar de peito aberto, preparado pra receber o melhor de ti. E não é o que vejo."
Logo ao pôr meus pés no chão pela manhã, começa um grande debate entre Razão e Coração, que ficam se indagando com argumentos, cada qual defendendo seus motivos. E eu, sem ter controle de nada no meio desse liquidificador de pensamentos, se meto o bedelho, acabo me cortando.
À tarde, tento chegar à uma conclusão disso tudo, mas...impossível! Razão e Coração ainda não se entenderam. Só me resta esperar, como sempre.
Eis que chega novamente a hora do encontro com minha cama, junto com meu travesseiro. Quase um triângulo amoroso, não fosse a intervenção do cobertor, que vem como juiz de paz. Então, encosto a cabeça no travesseiro, na esperança de ouvir um de cada vez, Razão e Coração, que ainda estão discutindo incessantemente, sem chegar à qualquer conclusão.
Ao longe, vejo o sono chegando, mas, quando ele se depara com tal situação de indecisão, sai correndo "para não atrapalhar a discussão". E novamente me abandona na calada da noite.
Ao longe, vejo o sono chegando, mas, quando ele se depara com tal situação de indecisão, sai correndo "para não atrapalhar a discussão". E novamente me abandona na calada da noite.
(Giselle Vergna)
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